Aquele que procura faíscas...

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

sábado, 17 de setembro de 2011

Superexposição ou Emoção?


A onda vai

O vento vem

E o que mais queremos

Ninguém tem

Satisfação

É...

Quem vê Facebook

Não vê coração


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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Little did he know


Não que fossem feministas, mas acreditavam que a mulher ainda ocupava um espaço muito minúsculo na sociedade moderna. Algum avanço foi feito desde as filosofadas de Simone de Beauvoir, mas nada que as tirassem da condição de gênero inferior. “Woman is the nigger of the world.”, já entoavam Lennon & Yoko.


Diversos relatos de amigas e conhecidas as insuflavam a ter sentimentos não muito nobres. O mundo era injusto, sim, mas muito mais para com elas. Costumavam aconselhar que não se importassem: a pior decepção amorosa seria.... A próxima! Falavam isso às gargalhadas, mas sabiam bem que era verdade.


E por mais que eles tentem entender, nunca conseguirão alcançar o que sente uma mulher traída, rejeitada ou mal amada. Podem buscar ajuda em terapias, teorias e filosofias... Não entenderão.


Nada é capaz de traduzir o sentimento único e entremeado que a mulher, muitas vezes ingênua, outras sonhadora, passa a carregar dentro do peito pisado e machucado por homens inábeis. Depois de uma, duas ou dez, ela entende o mundo que a maltrata e decide ser feliz. Parece até concordar com eles. Mas eles mal sabem que por si só já estão errados.


Não precisam nem abrir a boca.

Jogos Mentais ou A Culpa é da Tramontina


Linda, porém pouco talentosa pra a carreira que queria em seguir. Cisma pura. E pra completar, ainda era complexada quando se tratava de amor e sexo. Fora abusada quando criança e embora isso não tivesse impedido que se relacionasse com homens, acabou elegendo as carícias femininas as suas preferidas.


A falta de liberdade homossexual trazia certa amargura. E pro seu infortúnio, estava completamente apaixonada pela colega de trabalho mais velha, que de complexada não tinha nada, e ainda era um furacão na cama. Não sabia se assumia sua preferência ou comprava um jogo de panelas novo. O velho dilema.


No meio da confusão se envolveu com um sujeito macho. Muito mais pelo seu olhar doce do que pelo membro intumescido que a penetraria durante o relacionamento. Sensível, ele acabou se apaixonando e a moça – apesar de ter descoberto o sexo hetero com o rapaz – tinha certeza que preferia os beijos doces e o roçar macio das meninas.


Quando saía dos braços apaixonantes da mulher amada, sentia um misto de culpa e insatisfação social, que a levava a procurar o abraço mais forte. Só que imediatamente se arrependia e agia de forma estranha, pro desespero do rapaz enamorado. Ele, por outro lado, investia calado (esperto!), torcendo pra que ela lhe desse uma chance de mostrar que podia amar e ser amada sem complexos.


Até que ela escolheu assumir o namoro com o mancebo, sofrendo calada as saudades crescentes da amante preterida. O tempo passou e o rapaz recebeu uma oportunidade de emprego em Nova Iorque. Mudou-se com ele de mala e cuia pra viver o sonho americano, com casa, carro e dinheiro no bolso.


Foram felizes por um tempo e o casamento chegou ao fim juntamente com a mudança de volta à Pátria Amada. O tesão deu lugar à mesmice e não havia espaço pra amizade. Não tinham nada em comum. Nada. Voltou ao Brasil pra a vida de outrora: casa da avó com a mãe e suas neuroses. A falta de objetivo a empurrou pra a boemia. Tentava afogar nos copos a preferência por mulheres, o casamento fracassado e a dependência da família.


Não demorou muito e a insatisfação voltou contra o próprio corpo. Se achava gorda, além de inútil, e foi um pulo pra se enfiar em anfetaminas. Passava um pouco dos 30, mas tinha cara de menina, a pele aveludada e olhos amendoados. Logo arrumou outro namorado.


Moço rico, de família nobre da Zona Sul do Rio de Janeiro. Herdeiro e disposto a ter mulher e filhos pra acobertar suas orgias homéricas nos inferninhos de Copacabana. Só que a morena de olhos amendoados também gostava de uma festa e não demorou muito pra cair na esbórnia com o pretendente e seus amigos.


Ele a convencia facilmente a ficar em casa: jantares sedutores, jóias caras e muita birita de qualidade mantinham a jovem de boca calada. Somando-se parcelas generosas de seu coquetel de bolinhas pra segurar o apetite e uma boa série de TV americana e a noite estava garantida. O herdeiro deixava a mocinha em casa e partia pra bagunça.


Apesar de contrariada ela aceitava tudo de boca fechada: estava satisfeita com sua vida de aspirante a dondoca. Ele reforçava os mimos toda vez que exagerava na dose: mais presentes, mais jantares. E até presenteava a família dela, pra que a moça não reclamasse do pouco contato que nutriam. O tempo passou e juntaram os trapos, festas, jantares, jóias, orgias e bolinhas.


Na ilusão individual de cada um, tudo daria certo. Ela teria um marido companheiro e ele uma esposa submissa. Foi quando ao final do terceiro mês a surpresa aconteceu. Sonhando com a tal mulherzinha dedicada, o maridinho chegou em casa com um pequeno enxoval, adquirido em uma aposta que ganhara no páreo da noite: talheres, jogo de chá e panelas.


Os olhos amendoados não gostaram nada do que estavam vendo. Como é que pode ele se meter num assunto tão específico? Ela queria decorar e comprar as coisas da casa! E queria panelas Tramontina! A vida inteira sempre soube que eram as melhores! A discussão começou branda e foi ficando feia, a ponto de voarem talheres pelo apartamento recém montado.


O sonho dourado desmoronava subitamente e não havia amor que salvasse o casal da maldição das panelas.


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