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Banksy |
Senti
frio e resolvi olhar o calendário.
17 dias.
É o que falta para mais um
ano ficar para trás. Levanto para fazer um café e noto que a coluna
reclama. Dói há dias num misto de estresse e falta de exercício, mas o
frio não me ajuda. Desculpa esfarrapada, eu sei. Aproveito para ligar o
aquecedor e no caminho de volta para a mesa de escrevinhar não sei por
que lembro-me de meu pai. Acho que é só saudade. E em seguida surge o
pensamento que as pessoas têm muito medo de morrer, sim, mas têm muito
mais medo de viver. Paralisadas pelo desconhecido se trancam dentro de
seus corpos e não deixam a alma respirar. Tenho medo da morte, mas tenho
sede de viver. Viver o máximo que puder, para além dos meus limites.
Sem fronteiras. Os pensamentos confusos se embaralham. Executo várias
tarefas ao mesmo tempo: leio e-mails da família, textos de amor,
denúncias de falcatruas políticas, procuro aluguéis mais baratos e
admiro pinturas de séculos passados. O café me dá um pouco mais de
energia e a cabeça começa a funcionar melhor. Quem sabe amanhã eu não
corro na praia?
Para a seleção da Oficina Compartilhada