Aquele que procura faíscas...

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Antes que seja tarde

Hoje acordei apagada. E a vontade de ficar o dia inteiro na cama foi grande. Se ainda estivéssemos juntos seria um daqueles dias de se tomar licor ou porto. Na tentativa de tirar o amargo da alma, o mais doce ajuda, e o efeito é o mesmo.  Essa vontade é rara, mas quando vem não sai logo. Se arrasta pela tarde e avança a noite - e se bater insônia ainda vara a madrugada. E tudo fica com essa névoa, essa fumaça, do que um dia foi vivo, vibrante e num suspiro ofegante morreu. 


No meio desse luto percebo que mais um outubro fica para trás. Um outubro atípico. Um outubro pensante e não festejante como todos os outros. O primeiro a dar sinais de cansaço dessa vida tola. E lendo o texto do dia ele aconselha “Vive intensamente.”. Mas não é isso que eu faço? Por que então um certo dia acordo sem cor, cheiro ou sabor? Na tentativa de alegrar o cenário pinto as unhas de vermelho. Sangue. Para provar que sou feita de carne, além do osso insosso. E que me importo. A indiferença não tem cor,  nem sabor. Todo o resto é sim.


Levanto-me e preparo um chá. No armário, camomila, verbena ou hortelã? Hortelã, sem pestanejar. 


Se encontros marcados realmente dessem frutos eu teria tido uns 12 namorados nos últimos anos. Mas não. E é aí que você percebe o quão equivocados estavam seus amigos. Não te conhecem nada. E muito menos os possíveis pretendentes. Ensimesmados querem apenas mais um casal para compartlhar suas chatices a dois. Como é irritante juntar-se à casais em programas coletivos. Você não só abre mão da sua individualidade para tentar dar certo com a pessoa escolhida, como também ainda tem que lidar com os caprichos dos outros demais. 


Ai, gente chata. E eu já não disse que acordei apagada? Apagada e chata também. Que o dia acabe logo, antes que a garrafa chegue ao fim.

Para a seleção da Oficina Compartilhada

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