Aquele que procura faíscas...

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Natureza Morta

E assim sendo, seu desejo mais secreto,
você me matou aos poucos pro mundo,
mas me manteve acesa
dentro do seu esconderijo mais profundo.

Certa de que não teve coragem de gritar
respeitei sua escolha
e devagarinho deixei de acreditar
cada dia um pouquinho
até deixar de te amar.

Mas amor assim não, não tem jeito
o que não se resolve vira defeito
não desaparece e só cresce,
cresce e cresce... dentro do peito

Como qualquer coisa que cala
qualquer coisa que odeia
qualquer coisa que abafa, sufoca
e chateia.

Abra os braços pra mim mais uma vez
Não deixe que se perca novamente
O que um dia foi forte o bastante
Pode voltar agora, nesse instante!

Visão Periférica

“Está tudo bem, só estou cansado. Minhas ressacas não são mais as mesmas, estou ficando muito velho pra essas noitadas.” Encerrou a conversa assim, se enfiou na cama e dormiu a tarde inteira. E por que ela não acreditava no que ele estava dizendo? Apesar da pouca convivência, sabia bem das suas recaídas e como ficava depois.

Essa era, com certeza, uma delas.

Quando finalmente acordou ela disse que se preocupava. Ele estava prostrado. Ela? Com medo. Mais insegura do que com medo. Logo agora que tinham a chance de estar juntos, planos esquisitos ainda aconteciam. Escorregões que faziam ambos sofrer. Mas como se fazer entender? Não havia mesmo solução. O jeito era ter paciência. Muita paciência.


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domingo, 19 de junho de 2011

Creme de Queijo

Passou o dia inteiro tentando encontrar uma receita simples e deliciosa de creme de queijo Neuchâtel . Nunca tinha ouvido falar nesse tipo de laticínio e queria que o resultado fosse perfeito, para comer com os morangos docinhos que haviam comprado.

Era tudo muito fácil, o dia a dia leve, leve.... O creme devia ser tão delicioso quanto o momento que estavam vivendo. Queijo Neuchâtel, creme de leite fresco, açúcar de confeiteiro, morangos bem vermelhos... Simples e delicioso. Tudo o que tinha que fazer era deixar na consistência certa. Não seria assim também com o amor? Achar a ‘consistência’ certa?

O amor fantasia de Vinicius, o amor para além do bem e do mal de Nietzsche... O de Drummond era grande, mas cabia no breve espaço de beijar. E Lennon nos ensinou que é como uma flor, “♫ you got to let it, you got to let it grow ♫”.

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quarta-feira, 15 de junho de 2011

How far?!

Então?! Tá longe demais? Cedo demais? Curto em demasia? Ou muito ta(m)pado? Copo meio cheio ou meio vazio? O mais certo é parar de pensar. Rótulos são pegajosos. Maldosos. Não fazem jus à realidade. Aumentam, enfraquecem e fazem tudo perder o sentido. Aquilo que é, nunca foi... e o que seria acaba não acontecendo.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Vestido Envelope

Assustada demais com a coincidência, não conseguiu deixar de comentar com seu irmão sobre a data que veio na cabeça um dia depois do aniversário do primeiro casamento. Treze de junho de 2004. Foi o exato dia em que tudo começou.

Levantou-se cedo e escolheu a roupa que vestiria para o encontro. Não queria nada muito ousado, mas gostaria que fosse algo elegante que insinuasse suas belas formas. Escolheu um vestido sóbrio, porém decotado e marcando a cintura, do tipo envelope. “Genial a Diane Von Furstenberg, não existe nada mais feminino do que o wrap dress”, pensou alto sobre a estilista que entrou para a história.

Era a primeira vez que sentia-se sedutora. Lembrou-se da propaganda antiga do sutiã e achou que a primeira sedução também nunca é esquecida. Aquele homem seria dela e os dois mudariam seus rumos só porque ela acordou com vontade de ser dona do próprio caminho.

Já era hora de desafiar o mundo e seguir seu próprio coração em busca de satisfação pessoal. Era chegada a hora de tirar as próprias conclusões e sofrer as consequências. Ao final, tinha certeza, o saldo seria positivo.

E acreditava mesmo no que pensava. Pegou a bolsa e, sem nem mesmo passar maquiagem, saiu de casa para o encontro que transformaria a sua vida pelos próximos dez anos.

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quarta-feira, 8 de junho de 2011

terça-feira, 7 de junho de 2011

Entre a Cruz e a Espada

Quem nunca esteve dividido entre a Cruz e a Espada?

Coração dividido, coração partido. Muitos se encontram nessa situação num dado momento de suas vidas. Como se estivessem visitando uma nova cidade e se encontrassem numa encruzilhada: para que lado devo ir?

♫ Agora eu vejo,
Aquele beijo era mesmo o fim
Era o começo
E o meu desejo se perdeu de mim ♫

Cantaria Paulo Ricardo com suas revoluções por minuto, dando voz aos versos de Renato Russo. Ou seria a composição dos dois? Agora não me lembro direito...

A década de 80 está há mais de 20 anos atrás… E no entanto, a história sempre se repete.


É só você se distrair...

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Qual a saída?


Experimentava toda a sorte de sentimentos de confusão e abandono quando no auge da briga ele saía de casa e se instalava em um hotel qualquer, voltando para casa muitas vezes dias depois. Chorando. Transtornada, eu quebrava tudo que estava ao meu alcance. Desabando em pranto, dormia soluçando.

O pior era o dia seguinte. Não tinha muito com quem contar que fosse de extrema confiança. Se eu pedisse ajuda iria expor o problema real e ele já havia me deixado claro que aquele era o estilo de vida que queria levar, do contrário não teria se separado para estar comigo. Eu sentia falta da minha família, mas essa opção era absurda. E acabava procurando consolo no colo de amigos e amigas dele – mais tarde alguns se tornariam realmente meus bons amigos.

O relacionamento era claramente um jogo de poder e comecei a ter, com frequência, ondas de tristeza, que me valeram momentos de muito sofrimento, pois era bastante difícil disfarçar. A angústia de me tornar uma pessoa triste me invadia. Entristecida eu não teria mais nenhum valor. E foi quando me deparei com meu segundo maior medo: o de me tornar triste.

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quinta-feira, 2 de junho de 2011