Aquele que procura faíscas...

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Carta da solidão


Eu sei que vc está vivendo sua vida, mas tem expectativas que um dia a gente volte a dar certo. Isso fica cada vez mais difícil de alimentar em mim. Quero ser fiel ao que é realmente importante e ser inteira. Na vida existe fatalidade e também sintonia. Basta termos atração para que comece a afinidade e o resto aconteça. Tudo o que vivemos foi muito, muito especial porque estávamos totalmente sintonizados.
Creio ser impossível reconstruir e manter uma relação à distância, mesmo que nos tornemos mais cuidadosos, como você gosta de dizer. Dois anos é muito tempo e já estamos fora de sintonia no momento, imagine nos vendo apenas ocasionalmente? Eu quero companheirismo e cumplicidade. Por mais que acredite nos seus sentimentos e tenha superado todas as mágoas, sei das minhas fraquezas e não tenho condições de viver ½ de uma vida, sendo que a outra ½ é cheia de incertezas, agravadas pela falta de convivência.
Estamos muito distantes faz tempo, e o que vc tinha receio (de nos tornarmos estranhos) já está acontecendo em um campo muito sutil, mas muito, muito importante pra mim, que é o da intimidade. Este é muito difícil de conseguir sem ter uma vida em comum e cada vez que fico como no momento em que estou agora me coloco em uma das piores situações em que poderia me encontrar.
Hoje em dia eu me compreendo muito mais e ignorar meu mundo íntimo é voltar atrás no meu processo de autoconhecimento que têm sido muito, mas muito doloroso. Sofro de fadiga, medo e doença. Entro num processo psicossomático, totalmente desorganizada emocional e psicologicamente. Caio de cama e fico totalmente sem energia. Junte-se a isso o fato de não poder contar com ninguém, o que me causa uma ansiedade ainda maior. Falta quem me ajude nessas horas, alguém que partilhe da minha intimidade, das minhas frustrações, me conforte e me encoraja.
Relacionamentos ocasionais em encontros festivos não constróem base sólida para o convívio diário. Se daqui há um mês você ficar com saudade e me escrever “Preciso falar-lhe.” existe uma chance enorme de eu ceder, como das outras tantas vezes, mas aí o ritual é o mesmo: momentos de festa de muita sintonia, planos ilusórios para um futuro incerto e um dia a dia de muito, muito sofrimento.
Não entremos nunca em maiores detalhes, pois sabemos como apenas a simples suposição dói. O medo de sermos agredidos verbalmente ou ameaçados moralmente também já passou. Tenho a certeza de que já superamos. Nosso crescimento interior fez com que olhemos pra frente, perdoando o passado e respeitando a realidade um do outro, apesar do nosso diferente nível de amadurecimento.
Agora precisamos ser inteiros. E ter muito, muito respeito com as possibilidades e a individualidade. Limites para não invadir a privacidade e transgredir os territórios emocionais sem termos o menor direito à isso. Eu preciso agora do meu limite, para poder conquistar coisas maiores e alcançar o mínimo de equilíbrio. Já machuquei bastante a mim, a ti e à minha família e amigos com meu descontrole.
Nesse meu momento existencialista enxergo que a vida vivida na consciência oferece mais segurança e controle do que a vivida na inconsciência. Somos livres para escolher os caminhos que vamos tomar e assim sendo somos escravos das consequências...
Não adianta o paliativo de planos incertos. A decisão que tomei foi muito bem pensada e levou em consideração esta reclusão, este distanciamento total do meu campo confortável para ter um momento de profunda reflexão e discussão dos meus valores para poder ser uma pessoa mais feliz com as minhas escolhas.
Tem dias de muita, muita solidão.
Amadurecimento é o que eu preciso.
Harmonia.
Ouvir a voz da própria alma.
Sentir, questionar e refletir.

Para a seleção da Oficina Compartilhada

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Mundo Inventado






Eu sei que a vida deu uma volta enorme. Mais do que isso, eu sei. Mas eu sei também que comi cada cheiro de poeira que passou pelo meu caminho. Eu quis te dizer isso o tempo todo e quis também demonstrar, sem sucesso - pois ao mesmo tempo fugi de medo. Pavor! 

Hoje minha cama está vazia. Mas ela nem sempre está vazia... Só que, mesmo cheia, não fica quente de jeito algum. Ou nunca ficará... Te liguei com uma desculpa esfarrapada, é verdade. Eu não te esqueci e não vou esquecer jamais. Não é parte de nenhuma doença esse revelar. É parte da minha sanidade. Eu posso ser feliz com um mundo inventado - eu nasci para inventar. Escrevo sobre vidas e reinvento a minha o tempo todo. E não tem nada que me traga mais felicidade do que relembrar o que vivemos.... 
Me desculpe, mais uma vez, por evocar um passado presente. Eu vou te amar pra sempre. Intensamente. Mas vou amar um ser que não existe mais. Um brinde ao presente futuro. Ou seria futuro presente?
 
Para a seleção da Oficina Compartilhada

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Das loucuras daqui e Dali

"(...)

Há esta altura eu já estava quase que no estágio 3 da minha embriaguez. Lembrando que meu pai  nunca me viu trôpega e que meu grau máximo é o 11.9 numa escala de 0 a 10... Enfim... Dali pra frente Salvador virou fichinha e dei um viva ao lobo da estepe.

Que venha a próxima loucura!!"


sábado, 1 de outubro de 2011

Rouquidão

Girl Before a Mirror_PabloPicasso


Minha falta de voz grita.
Grita latente essa não voz.
E sigo na rouquidão infinita.
Nessa busca incessante e atroz.