http://fineartamerica.com/featured/1-elevator-julie-fischer.html |
Surtou...
Do
nada?
Neurótica!
Diziam...
Mas
a verdade é que era muito sã. E de tão sã adoeceu até a Cachorra, que uivava de
noite quando a lua saía de mansinho. Pensava ser um gato alado, coitada. E
queria sair voando e miando sem parar.
Certo
dia chegou em casa e a pobre peluda estava lá, sentada na poltrona de pernas
cruzadas. Sim! Pernas cruzadas! Contavam... Mas a verdade é que já tinha feito
isso outras vezes, não fosse o espantamento pelo fato de estar de avental.
Pensava ser chef de cozinha, tadinha. E esperava a cliente chegar para montar a
praça. Mas a surtada apenas abria o pacote de ração e despejava na tigela
escrita Bob (!). Em seguida, servia-se de um trago e ia dormir. Nem um afago.
Nem uma palavra. Nada.
Espalharam
por aí que a última vez que a viram antes do romance com o motorista da
carrocinha tinha eclampsias sem estar grávida... Ele fora o primeiro de sua
vida a lhe dar uma salsicha. E pegou infecção intestinal por isso, ainda por
cima.
Coitada
da Cachorra...
No
entanto, ainda viveu um bom tempo, terminando o dia em gargalhadas
aterrorizantes. Não sem antes entrar em coma profundo e dar um trabalho danado,
afirmavam... Era contra a eutanásia e propositalmente ajeitou um testamento que
deixava tudo para a vizinha que lhe jogava pedaços de galinha na intenção de
sufocá-la antes de uma noite uivante.
A
vizinha sabendo disso, entre um trago e outro, atirou-se copiosamente no caso
da Cachorra e checava-lhe as necessidades a cada hora, limpando-a e
perfumando-a de gratidão. A quadrúpede continuava gargalhando cada vez mais
maquiavelicamente, só que agora sem ninguém ouvir.
Em
seu epitáfio, Cachorra mandou o Papagaio escrever: “Aqui jaz uma mosca morta.”
E o Grilo Falante discursou a única coisa que a peluda deixou escrita:
Fodemo-nos todos!
Fim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário